terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Manhãs na biblioteca

     Nestes  dias  na  casa  de  sua  avó,  estamos  tendo enfim a oportunidade de estar juntos por quase todo o dia, e nossas manhãs têm sido passadas em minha biblioteca, lendo juntos. Além das estantes cheias de livros, as paredes por aqui são salpicadas de quadros com imagens de grandes escritores por todos os lados. Nesta, ao lado da escrivaninha à qual nos sentamos para ler, estão Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade e Dostoiévski. Em outras paredes, somos acompanhados por Kafka, Proust, Clarice Lispector, Nelson Rodrigues, Camus, Fernando Pessoa, Tchekhov, Tolstói, Erico Verissimo e Scott Fitzgerald. E sobre a escrivaninha ainda há um pequeno busto de Sófocles. Portanto, estamos na mais excelente e amada companhia. Neste momento, leio Cinzas do Norte, de Milton Hatoum, além de Cegueira Moral, de Zygmunt Bauman; e você lê O Estranho Caso do Cachorro Morto, de Mark Haddon, cuja história me reconta em partes, com emoção, a cada final de capítulo que termina. São manhãs que por muito tempo sonhei em partilhar com meu filho, mas que só agora se realizam.
     Ontem  lhe  mostrei  um  velho  sapatinho  que  guardei de seus tempos de criança pequena, por volta dos três anos. Você o achou estranho, assim como ficou encabulado e blasé quando lhe falei de desenhos animados que costumava assistir (e que eu assistia a seu lado) quando era pequeno. Agora não perde nenhuma oportunidade de negar o menino em você, o que é um sinal inequívoco do florescimento da adolescência, inclusive das chatices da adolescência.

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